19.6.09

MORADORES DE MARZOVELOS CONTRA CENTRO COMERCIAL DA VISABEIRA NO ÙNICO ESPAÇO VERDE DO BAIRRO




Em 13.01.2005, o Núcleo de Viseu da Associação OLHO VIVO dava voz aos moradores do Bairro de Marzovelos (no “Golpe de Vista” intitulado “Espaços Verdes Provisórios”), preocupados com o futuro do único espaço verde daquele imenso “cimentério”, em frente ao Hotel Montebelo, uma vez que a Visabeira Imobiliária ali tinha colocado letreiros a anunciar a “futura localização do Centro Comercial Quinta do Bosque”.

Este espaço verde, apesar de mal tratado (tem poucas árvores plantadas que nunca mais crescem), é o único local onde se pode ver, sobretudo ao fim da tarde, adultos a conversar, sentados nos poucos bancos de pedra; miúdos a brincar, uns com os outros ou com os pais ou a dar uns chutos na bola, com alguma segurança, uma vez que o pequeno separador relvado na Praceta Dr. Ribas de Sousa, em plano inclinado, representa um perigo para as crianças que para ali vão jogar à bola, dado que esta pode resvalar para a estrada que circunda a praceta. E nada mais resta para além do recente Jardim Jorge Costa, colado à circunvalação, minúsculo e ainda mais desolado, sem uma flor, nem uma árvore com sombra.

É certo que, finalmente, abriu o Jardim Infantil, mas este não substitui um espaço verde amplo, nem tão pouco chega para tanta criança que ali mora, quanto mais para as que ali ocorrem de outras zonas da cidade, que, a despeito do crescimento do seu núcleo urbano, apresenta os mesmos parques infantis de há meio século atrás: o do Parque Aquilino Ribeiro e o do Fontelo.

Há quem se lembre das palavras de Fernando Ruas, transmitidas pela Rádio NoAr, algum tempo depois da nossa chamada de atenção, assegurando a sua intenção de não deixar construir nada ali, certo de que a Visabeira também não teria interesse em colocar mais cimento em frente ao Hotel Montebelo, propriedade do grupo, ficando aquele espaço reservado para uma alameda.

Foi, pois com surpresa e indignação, que os moradores do bairro viram há poucos dias serem repostos os letreiros da Visabeira Imobiliária (que já há uns anos haviam sido retirados), anunciando: “futuramente, neste local, um espaço de comércio e serviços” (ver foto). Quem manda na cidade, a autarquia ou a Visabeira?...

A OLHO VIVO, que tem sócios a residir no Bairro de Marzovelos, tomou a iniciativa de pôr a circular um abaixo-assinado de moradores a apelar à Câmara Municipal para não permitir a destruição do seu único espaço verde bem dimensionado

9.6.09

JARDIM DE SANTO ANTÓNIO COM WC ENCERRADO DESDE AGOSTO AFASTA UTENTES COM O CHEIRO A URINA CLANDESTINA




O Jardim de Santo António é talvez o mais bonito jardim da nossa cidade, se não contarmos com o Parque Aquilino Ribeiro e com o jardim renascentista do Fontelo (antigo Paço Episcopal). No entanto, desde Agosto do ano passado que a Câmara Municipal de Viseu mandou encerrar as instalações sanitárias ali existentes. Aliás, a autarquia já encerrou quase todos os WCs públicos da cidade. A ausência de sanitários é um problema grave para muitos munícipes, em particular para os mais idosos e reformados que gostam de deambular pelas ruas, praças e jardins, locais de encontro de amigos. Mas quando a bexiga aperta e sem sanitários públicos por perto, resta recorrer às instalações sanitárias dos cafés, o que nem sempre é fácil, sobretudo para quem, não tendo mais rendimentos do que a magra reforma, se inibe de entrar sem consumir.

Não admira por isso que alguns idosos frequentadores do Jardim de Santo António, com mais dificuldade em controlar a bexiga, recorram a descargas clandestinas atrás dos buchos que circundam os sanitários fechados (ver foto circular). O cheiro a urina torna-se mais pestilento para quem passa na Rua dos Capitães. Uma moradora nesta rua, reformada, e também utente do jardim, alertou a Associação OLHO VIVO para este atentado ao ambiente e à saúde pública. Os dois idosos da foto, que ali se encontram todos os dias, confirmaram que desde Agosto vivem numa aflição diária sempre que a bexiga aperta. Enquanto conversávamos com eles, pudemos assistir ao “desenrascanço” de um outro idoso que ao lado da porta fechada do WC, mal ocultado pelos buchos e por uma coluna, ali se aliviou.

Entretanto, também uma professora da Escola Secundária Emídio Navarro, ali mesmo ao lado, se queixou à nossa Associação de que sempre que tem aulas nas salas com janelas viradas para o jardim, há um ou outro aluno ou aluna que se distrai a observar as manobras dos velhotes por detrás dos buchos.

Em Paris não faltam sanitários públicos. Mas, como eram pagos, era habitual passar-se por um local mais recôndito de uma rua ou de um jardim a exalar cheiro a urina. Até que a autarquia decidiu disponibilizar os sanitários gratuitamente e a “cidade luz” deixou de cheirar mal, mesmo nas sombras. Aqui fica o exemplo.

MAIS UM ACIDENTE NA CAVA DE VIRIATO




Luiz Carlos Araújo foi a última vítima das obras de "recuperação e arranjo paisagístico" da Cava de Viriato. Este morador da Póvoa de Abraveses passa muitas vezes pela Cava, mas, no passado dia 13, foi atraiçoado pelas armadilhas que constituem os intervalos entre as lajes de granito e o passo irregular dos degraus das escadarias de acesso ao alto dos taludes. Meteu o pé num dos intervalos, caiu e foi parar ao Hospital de Viseu, onde levou 8 pontos para suturar a ferida incisa no sobrolho (ver foto). Pelo caminho um dos enfermeiros do INEM contou-lhe que a sua própria mãe também já lá havia caído.

Luiz Carlos partiu a armação dos óculos e uma lente, no valor de cerca de 900 euros, e ainda pagou 11,15 euros de taxa moderadora e exame radiológico no Hospital de Viseu. Quem lhe paga o prejuízo?
A Câmara Municipal de Viseu ou a Sociedade Viseu Polis? ...

Lembramos que o Núcleo de Viseu da Associação OLHO VIVO, mal as lajes começaram a ser colocadas, escreveu, em Março do ano passado, para a Direcção Regional de Cultura do Centro que tutela o IGESPAR, expondo o que se nos afigurava como um desvirtuamento do monumento (opinião corroborada mais tarde pelo arqueólogo João Luís Inês Vaz), uma vez que sendo uma fortificação muçulmana, como é hoje consensual entre os investigadores, seria construída exclusivamente em terra.

Além disso, a terra batida ao longo de um milhar de anos dispensava qualquer lajeamento, e constitui ainda um perigo público dado os intervalos de 15 cm entre as lajes de granito que já têm provocado outros acidentes, conforme já denunciámos oportunamente.

Chamamos ainda a atenção para o facto de esta "recuperação e arranjo paisagístico" da Cava - monumento único na Europa (só existe um semelhante em Samarra no actual Iraque) não fazer jus às preocupações demonstradas pela Câmara Municipal relativamente à mobilidade dos cidadãos cegos ou amblíopes e portadores de outras limitações, como utentes de cadeiras de rodas ou carrinhos de bebé, uma vez que, para além dos intervalos de 15 cm entre as lajes, também as escadarias em granito de acesso aos diferentes braços da Cava criam barreiras à sua circulação.

Em Janeiro deste ano, depois de termos denunciado alguns casos de quedas na Cava, a Câmara Municipal anunciou que resolveria o problema deitando terra e relva nos intervalos das lajes. Meio ano depois ainda não se viu nada. Na semana passada, confrontado pelo JN com a denúncia que fizemos do acidente de Luiz Araújo, o vice-presidente Américo Nunes disse que no preciso dia do acidente tinham começado as obras de preenchimento dos intervalos com terra. Na realidade, a empresa contratada apenas andou na sexta-feira a cortar a erva que crescia desmesuradamente entre as lajes, para que não parecesse tão mal aos frequentadores das manhãs desportivas, agora transferidas para a Cava.

Porque é que a CMV não reconhece o erro (conforme reconheceu com o Mercado 2 de Maio, embora tardiamente) e corrige de vez a asneira do projecto Viseu Polis para a Cava, mandando arrancar as inúteis e malfadadas lajes?

Se calhar com aquelas pedras, ou com o dinheiro que custaram, tinha-se construído o Centro de Investigação/ Núcleo Interpretativo e a Torre de Observação, equipamentos previstos no Plano original de requalificação da Cava, fundamentais para Viseu tirar o máximo proveito deste monumento único na Europa, integrando-se nos circuitos internacionais de turismo cultural.

Contacto:

olhovivo.viseu@gmail.com