25.11.09

"CASA DOS PAIS" LEILOADA NO ÚLTIMO DIA 16



















Artigo do último Golpe de Vista no Jornal Via Rápida:

A EP – Estradas de Portugal, SA vai vender, em leilão público a efectuar na próxima segunda feira, dia 16, pelas 14,30 horas, o prédio urbano conhecido por Casa dos Pais, situado entre a Calçada de S. Mateus e a Rua de Serpa Pinto. O prédio foi adquirido em 1927 pelo Ministério das Obras Públicas que aí instalou a Junta Autónoma de Estradas. Posteriormente o Estado alienou algumas parcelas não cobertas desta propriedade que ainda conserva uma área total de 1.779,25 m2.

Este prédio que por fora chama a atenção pela apalaçada traça setecentista tem um pátio interior magnífico, com uma escadaria dupla que conduz a arcadas e balaustradas com elegantes colunas e balaústres de granito (ver foto).

A. de Lucena e Vale, no seu livro Viseu Monumental e Artístico, com fotografias de Germano, editado em 1949 pela Câmara Municipal de Viseu, relata a curiosa história deste edifício:

Já do século XVIII é a casa à esquina da calçada de S. Mateus e Rua Serpa Pinto – a antiga Casa dos Pais.

Tem sua história, história triste e sórdida afinal, esta casa de aparente nobreza e opulência.

O Pais apareceu um dia em Viseu, a esmolar para um hospício de meninos pobres e desamparados e, dizendo-se peregrino á Terra Santa, teve artes com o seu aspecto humilde e seráficas maneiras, de juntar quantioso cabedal. E, ou porque a cobiça o vencesse em certa altura ou porque nunca fossem outros seus propósitos, feito o “ hospício”, chamou-lhe seu e instalou-se nele.

De pouco lhe serviu porque, amaldiçoado de quantos assim lidibriara, morreu pobre, e pobres e desonrados lhe acabaram os filhos e as filhas.

A casa, após sucessivas transferências, é de há poucos anos propriedade do Estado que nela tem instalada a Direcção das Estradas do Distrito.

Recomenda-se pela nobreza do seu aspecto exterior e pela decorativa e apalaçada escadaria do pátio da entrada, uma das mais grandiosas da cidade.



Acrescente-se ainda que embora a área coberta seja de 963 m2 o prédio tem ainda uma área descoberta de 816 m2 onde se incluem pátios arborizados com árvores de grande porte e um outro pátio de entrada com fontes que só deixaram de deitar água quando as obras do Centro Paroquial de S. José, na Calçada de S. Mateus, obrigaram a recorrer a explosivos para partir rocha, o que deve ter desviado o veio da água.

Funcionários das Estradas de Portugal disseram-nos que já ali funcionou uma escola e que o prédio está classificado como imóvel de interesse público ou municipal. Não pudemos confirmar esta última informação dado que a autarquia não disponibiliza estes dados no seu site. Mas não nos surpreenderia que não estivesse classificado, uma vez que tem havido um enorme desleixo na classificação do património edificado. Basta ver que há igrejas como a Igreja do Carmo que não está classificada e que a própria Igreja da Misericórdia, obra imponente do barroco, com a sua fachada apalaçada, ainda se encontra em vias de classificação.

De qualquer modo, quer-nos parecer que esta casa que vai à praça com uma base de licitação de 778 mil euros podia e devia ser adquirida pela autarquia, à semelhança do que fez recentemente com outros edifícios na Rua do Comércio, para aí instalar serviços municipais ou alugá-la para fins que não ponham em risco o seu valor arquitectónico.

16.11.09

MORADORES TORTURADOS POR RUÍDO HÁ ONZE ANOS E MEIO




















“Golpe de Vista” denuncia mais um caso de moradores em luta para que a autarquia faça cumprir a Lei do Ruído, dando-lhes a palavra:

Carta-aberta ao Sr. Presidente da autarquia de Viseu


Exmo Senhor Dr. Fernando Ruas,


Depois da sua vitória “esmagadora” (titulava um diário) nas autárquicas de 2009 para um último exercício de funções, permita-nos aqui advertir e solicitar quanto segue:


1.Na memória de alguns munícipes de Viseu – afectados desde Abril de 1998 por barulhos constantes de um supermercado urbano – os seus anteriores mandatos ficarão para sempre “assombrados” por uma gravosa falta de omissão relativa ao problema.

2.Desde há onze anos e meio que insistimos repetidamente – nós, os moradores torturados pelos ruídos da maquinaria frigorífica da loja na Rua Eng. Lino Rodrigues 9 – para que a autarquia viseense actue de acordo com as suas competências legais: até agora, infelizmente, sem resultados concretos...


3.Sr. Presidente, achamos ser tempo de chamar as coisas pelo nome! No Verão de 2008, ocorre o “trespasse” do estabelecimento comercial, mas sem nenhumas condições de isolamento – de que aliás, em devido tempo, a autarquia a que preside foi devidamente informada. Perguntamo-nos: como e porquê foi possível dar o aval de funcionamento à actual gerência do “Spar” em tais condições?!...


4.Já com o presente mercado a funcionar foram elaboradas perícias pelo Laboratório de Acústica da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto – entidade cuja idoneidade é reconhecida além fronteiras – que concluem: a) pela existência de ruídos audíveis e incomodativos no interior das habitações e b) pela falta de isolamento sonoro da placa do edifício.


5.Neste contexto – depois de aguardarmos, de novo, há mais de um ano, por uma resposta eficaz, e continuando nós moradores, submetidos à incomodidade dos ruídos particularmente gravosos no período nocturno ! – vimos solicitar aqui, publicamente, a intervenção directa do Sr. Presidente neste processo. Após quase doze (12) anos de tortura diária-e-nocturna – que se mantém”! – pedimos, desta vez em definitivo, que o assunto seja declarado “Chefsache” e colocado em mãos do Sr. Presidente da autarquia para resolução.


6.Pretendemos, com esta petição, uma intervenção do Sr. Presidente no sentido de


a) determinar uma solução imediata para fazer cessar os barulhos nocturnos, a partir dos elementos provados da sua existência perene;
b) se limite o alvará do estabelecimento em causa à observância de tal requisito;
c) se actue no imediato, sem rodeios nem apelos para um futuro sempre mais tardio (estratégia até agora seguida!), uma vez que a autarquia dispõe de elementos documentais, testemunhais e periciais mais do que suficientes para alicerçar uma tal decisão!
d) Terminamos lembrando que o actual estabelecimento labora na ilegalidade, tal situação é do conhecimento desta autarquia e nós, moradores afectados, não poderemos aceitar mais delongas nem atrasos sem consequências na aplicação da Lei.
Na expectativa de uma actuação eficaz e consequente do Sr. Presidente para breve,


Permanecemos – Atentamente:


Pelos moradores: Alberto Ferreira

   (no Jornal Via Rápida de 29/10/09)

Contacto:

olhovivo.viseu@gmail.com