Com a catástrofe de Fukushima a revelar-se mais grave a cada dia que passa, será útil reflectir sobre a defesa que, desde alguns anos, investidores pouco escrupulosos têm feito da construção em Portugal de centrais nucleares, vendendo uma imagem da energia nuclear limpa, barata e segura, enquanto única alternativa à escassez do petróleo, face a uma alegada rentabilidade escassa e insipiência técnica no campo das energias renováveis. Ora, o Japão (e antes dele, Three Miles Island nos Estados Unidos, e Tchernobil, na antiga URSS) prova que o barato sai caro.
O normal funcionamento de centrais eléctricas nucleares também polui o mar, mas os maiores focos individuais de elementos radioactivos produzidos pelo homem no mar são de longe as fábricas de reprocessamento de combustível nuclear de La Hague, França e de Sellafield, Reino Unido. As suas descargas resultaram numa abundante contaminação dos recursos marinhos em toda uma vasta região; os elementos radioactivos provenientes do reprocessamento podem ser encontrados em algas marinhas de locais tão distantes como a costa ocidental da Gronelândia ou ao largo da costa da Noruega, alerta a Greenpeace.
Portugal tem muitas zonas sísmicas, o que tornaria ainda mais perigoso construir uma central nuclear no nosso território. Para risco já temos a central de Almaraz, na província de Cáceres, a 307 km da fronteira portuguesa, arrefecida com água do Tejo, com licença prolongada até 2020.