21.11.11

25 NOVEMBRO, DIA INTERNACIONAL PARA A ELIMINAÇÃO DA VIOLÊNCIA SOBRE AS MULHERES

​CAMPANHA “SEM MULHERES NÃO HÁ PAZ” PASSA POR VISEU

“A violência contra as mulheres é um fenómeno inerente à opressão patriarcal e à existência de culturas machistas e misóginas em diferentes sociedades, revelando inegavelmente o quão coxas ainda estão as nossas democracias.
​A violência contra as mulheres é generalizada e, apesar dos vários Planos Nacionais para a Igualdade e Contra a Violência Doméstica e das campanhas já realizadas, o crime parece não estar a diminuir.(…) Em Portugal, só em 2010, foram assassinadas 43 mulheres por violência doméstica e de género (Observatório de Mulheres Assassinadas, 2010).
​Esta violência é infligida maioritariamente pelos homens (maridos, ex-maridos, companheiros, ex-companheiros namorados, ex-namorados e parentes) que, frequentemente, recorrem a este meio para preservar ou reforçar o seu poder sobre as mulheres, sendo um problema transversal ao nível social, económico, religioso ou cultural.
​Sabemos que um dos principais motivos pelos quais as cifras da violência doméstica aumentaram tem a ver, na verdade, com o aumento das suas denúncias, o que representa um avanço importante. Há, pois, mais mulheres a denunciar e mais gente vigilante. Contudo, sabemos também que muita violência continua invisível.
​ A violência contra as mulheres adopta várias formas, desde a violação do direito à autodeterminação, ao casamento forçado, à molestação sexual ou psicológica, à exploração ou discriminação, continuando a existir mulheres assediadas, violadas, traficadas, mutiladas e assassinadas em todas as partes do mundo. Frequentemente, o agressor fica impune ou cumpre penas absolutamente ridículas e insultuosas para as vítimas e para o próprio combate às violências, como temos verificado, demasiadas vezes, nos jornais ao longo deste ano.
​Assim, é fundamental combater este problema procurando-se, sempre que necessário, fazer justiça”.
​(Extracto do Manifesto das organizações que convocam a Marcha Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, que a Associação OLHO VIVO apoia, e que terá início às 17 h. no Largo Camões, em Lisboa).
Sem Mulheres Não Há Paz de Viseu ao Afeganistão​

O Núcleo de Viseu da Associação OLHO VIVO foi convidado a colaborar e a participar nas acções do Dia Internacional para a Eliminação da Violência Sobre as Mulheres, em Viseu. A campanha é uma iniciativa criada através de Adamastor Associação Cultural de Viseu por um grupo de voluntários do Serviço de Voluntariado Europeu e o grupo JOVENS SOLIDÁRIOS.

​​PROGRAMA

16:00 Rossio: Exposição de obras na praça, musica e performance - Campanha informativa.
Criação de um mural feito por jovens artistas locais e pelos cidadãos, com tema “mulheres e paz”
O mural será exposto no IPJ junto com informação sobre a campanha e outros quadros feitos pelas escolas.

​18:00 Vigília no Rossio e Marcha até à Sé.

20:30 IPJ: Conferência "Mulheres Paz e Segurança" com as convidadas especiais:

Lucia Casaroli (ACNUR /Conselho Italiano para os Refugiados):
"Ser mulher no Afeganistão"

Filomena Pires (MDM) Violências de género

Catarina Vieira e Castro (Núcleo de Viseu da Associaç\ao OLHO VIVO): "Mulheres, Migrações e Direitos Humanos"

Manuela Antunes (Comissão de Protecç\ao de Crianças e Jovens de Viseu)

21:45 IPJ Projecção do filme Persépolis com Cine Clube de Viseu



Quando os EUA e o Reino Unido entraram no Afeganistão em 2001, eles prometeram melhorar a vida das mulheres afegãs. O governo de Portugal enviou as primeiras tropas em 2005. Nos últimos dez anos, alguns progressos foram feitos, especialmente nas áreas de educação, o direito ao trabalho e maior liberdade de movimento fora de casa. No entanto, o Afeganistão é considerado o país mais perigoso para as mulheres.
As mulheres ainda continuam a sofrer discriminação e violência no Afeganistão. Isto inclui os casamentos na infância e forçados, a violência sexual e doméstica, e “baad” a troca de mulheres e meninas como forma de pagamento ou para resolver disputas. Para estudar, as jovens afegãs sujeitam-se a ser penalizadas por ataques de ácido.
Dez anos após a intervenção militar, estamos a pedir ao governo de Portugal para garantir que os direitos das mulheres sejam centrais nas discussões sobre o futuro. Precisamos de todos para tomar medidas e lembrar ao governo as promessas que fizeram às mulheres afegãs.

6.7.11

onde param os candeeiros de mestre malho? (2)



Em 2008 (ver aqui) alertámos para o desaparecimento dos candeeiros de ferro forjado da autoria de Arnaldo Malho que se encontravam chumbados na cantaria da Sé, incluindo aquele que foi retirado da fachada do Museu Grão Vasco, aquando das obras de remodelação. Desde então, desapareceram os que estavam  no Largo da Misericórdia e na fachada da Igreja da Misericórdia, logo após obras de reabilitação.
  
Neste momento não há um único exemplar exposto nas ruas de Viseu dos candeeiros de Mestre Malho. Obras primas do ferro forjado, essas peças não têm o mesmo valor que os candeeiros retirados da Rua Direita, Praça D. Duarte, entre outras: alguns desses candeeiros, com serpentes em ferro forjado nas quinas da lanterna encimada por uma coroa com as muralhas da cidade lavradas e as sete torres/portas,  foram  recuperados e colocados nalgumas ruelas do centro histórico (após denúncia nas televisões e jornais pelo Núcleo de Viseu da Olho Vivo), mas estes não têm o desenho de Mestre Malho, embora devam ser da sua Escola (descobrimos os moldes na Serralharia Malho). 

Instada a responder sobre o paradeiro dos candeeiros de Mestre Malho, a Câmara de Viseu, pela boca do seu presidente, declarou na Assembleia Municipal o seguinte:

“Os candeeiros levantados nalgumas artérias foram distribuídos pela zona histórica e parque de Santa Cristina. Em armazém estão a recuperar 14 do Mestre Malho e 5 do outro artista, incluindo os já designados. Encontram-se em armazém 51 candeeiros, sendo o último colocado na Quelha da Rua do Bispo, em Março.”

Ora, os candeeiros de Mestre Malho não são comparáveis com os candeeiros de pé alto do jardim de Santa Cristina, ou o da Quelha da Rua do Bispo, que pouco trabalho de forja apresentam. 

Ao cabo de mais de 20 anos de mandatos à frente da Câmara Municipal de Viseu, Fernando Ruas e a Câmara Municipal, têm a obrigação de saber valorizar a herança patrimonial e a relevância artística de Mestre Malho. Lamentamos o aparente desprezo que lhe relegam e apoiamos a recomendação à Câmara, apresentada pelo Bloco de Esquerda, para que os candeeiros de Mestre Malho sejam recolocados rapidamente no espaço público.

27.5.11

manifestação - democracia já - amanhã

































Amanhã a manifestação em Lisboa convocada pelo Movimento 19 de Maio arranca às 15h da Avenida da Liberdade, em frente ao São Jorge.


No mês de Maio há um Maio em cada praça. Primeiro foi Madrid e Barcelona, agora em Coimbra, no Porto e em Lisboa. Em 2011 há um Maio de 68 reinventado.

Depois da manifestação da Geração à Rasca a 12 de Março, o Movimento 19-M é o irmão mais novo do movimento de jovens espanhois que a 15 de Maio acamparam na praça Portas do Sol em Madrid. Jovens, precários, desempregados, desalinhados, ocuparam as praças para promover assembleias populares onde discutem e fazem ouvir alternativas democráticas ao "austeritarismo".

Contra a farsa do rotativismo. Contra a fatalidade do desemprego, do baixo salário e da precariedade. Contra a apatia social, por uma mudança de vida e de futuro.

assembleia popular do rossio, em lisboa

21.5.11

em são salvador a ponte caíu ao rio

A ponte que une as povoações de São Salvador e de Quinta da Longra aluiu em Novembro do ano passado. Desde então encontra-se cortada ao trânsito, com prejuízo para as populações que se vêem obrigadas a andar mais quilómetros para dar a volta por Vildemoínhos. 

A Junta de Freguesia afirma que o início das obras está dependente dos serviços hidráulicos, da responsabilidade do Instituto da Água. Mas meio ano é muito tempo e, francamente, o rio Pavia não é propriamente o rio Tejo. Lá dizia o poeta Alberto Caeiro: "Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia / O rio da minha aldeia não faz pensar em nada. / Quem está ao pé dele está só ao pé dele."

preservar a arte do azulejo


















No passado dia 5 de Maio, alunos do "Clube de Cerâmica e Azulejaria" da Escola Básica Grão Vasco de Viseu apresentaram no Rossio um painel de azulejos, reproduzindo o mais famoso quadro de Grão Vasco, S. Pedro, no âmbito do Projecto SOS Azulejo -  uma iniciativa do Museu da Polícia Judiciária com o objectivo de combater a delapidação do património azulejar, provocado por furto, vandalismo e incúria, bem como prevenir criminalmente e promover a sua conservação e valorização artística.

Em parceria com a Associação Nacional dos Municípios Portugueses, o IGESPAR, a PSP, a GNR e o Instituto Politécnico de Tomar, este projecto envolve as escolas, através dos municípios, na sensibilização das crianças do 1º e 2º ciclos do Ensino Básico, para numa praça central da sua localidade, exporem reproduções de painéis de azulejos furtados. 

No dia 14 de Junho será a vez de todos os alunos de Educação Visual e Tecnológica da Escola Básica Grão Vasco participarem na construção de um painel gigante que cobrirá boa parte do piso do Rossio, com reproduções de painéis de azulejos furtados.

28.4.11

energia nuclear e alternativas energéticas em debate amanhã em Nisa



















O Cine Teatro de Nisa acolhe amanhã, dia 29 de Abril, a projecção do documentário "Energias Sem Fim", seguido de um debate.

Aqui fica o convite: 

"Na semana do 25º aniversário do acidente da central nuclear de Chernobil e quando ainda não se conhece a extensão definitiva do acidente da central nuclear de Fukoshima, é importante reflectir sobre o nuclear e simultaneamente pensar alternativas energéticas sustentáveis.

Temos alternativas e energias apropriadas em Nisa, no país e na Península! 

Não precisamos de recorrer a tecnologias que não desenvolvem sustentabilidade, degradam o território e põe em risco o futuro das populações e do ambiente.
Contra o urânio, contra a nuclear aqui e onde estas indústrias de alto risco surgem apresentamos outras ideias, outros projectos.
Em Nisa a sustentabilidade económica e social, em Portugal e na Península Ibérica, poupanças e eficiência energética e energias renováveis, para um desenvolvimento equilibrado, com bem estar social e ambiente cuidado.
Alternativas ao nuclear e à exploração de urânio em Portugal e pelo encerramento das centrais nucleares em Espanha, e de Almaraz aqui no Tejo, serão apresentadas."

Na iniciativa irão participar:

António Eloy, CEEETA
António Minhoto, AZU
Gabriela Tsukamoto, Município de Nisa
Miguel Manzanera, Plataforma Ciudadana Refinería No,
Nuno Sequeira, Direcção Nacional da Quercus
Paca Blanco Diaz, Plataforma Antinuclear Cerrar Almaraz
Paco Castejón, Fisico Nuclear
Paulo Bagulho, José Moura, Movimento Urânio em Nisa Não

A iniciativa decorrerá no cine-teatro de Nisa, pelas 21h00, com entrada gratutita.

27.4.11

dia europeu da segurança rodoviária

Hoje, Dia Europeu da Segurança Rodoviária, os números de mais uma "Operação Páscoa" revelam-nos falhas na segurança e na educação rodoviárias e a preferência portuguesa em culpar sempre a chuva e o mau tempo. 

A poucos dias do lançamento mundial da Década de Acção para a Segurança Rodoviária por parte da Organização Mundial de Saúde, o atraso de Portugal em matérias de prevenção rodoviária  devem fazer-nos reflectir. 

O Dia Europeu da Segurança Rodoviária é dedicado aos Jovens Condutores, focando os temas de Álcool e Drogas ao volante.
Conduzir Alcoolizado:
  • exige maior tempo de observação para avaliar as situações de trânsito, mesmo as mais corriqueiras;
  • torna difícil, quase impossível, sair-se bem de situações inesperadas, que dependam de reaçcões rápidas e precisas;
  • leva o condutor a  fixar-se num único ponto, diminuindo a sua capacidade de desviar a atenção para outro facto relevante;
  • limita a percepção a um menor número de factos num determinado tempo. 

25.4.11

o cravo e as novas flores de abril

Na rádio ouvem-se hoje os velhos do costume (antigos presidentes da República) com o costumeiro discurso aparentemente neutro e descolorido a apelar à formação de "consensos", à "tranquilidade", para bem do "interesse nacional".

Na rua os discursos são diferentes e quase nada neutros, tingidos de vermelho vivo como cravo, querem a mudança e exigem que se acautelem os nossos interesses nacionais, as nossas conquistas sociais, e as promessas da revolução de Abril.

Hoje celebra-se a liberdade, não o consenso. Abril é celebrar o nosso dissenso: a vontade geral de um povo de entrar em desacordo com aqueles que dizem servir o país mas o esmagam. 

Por isso, neste dia de Abril e noutros que virão é necessário sair à rua e formar corpo para uma nova mudança. À pergunta sobre se os jovens ainda compreendiam o cravo vermelho na lapela, Carvalho da Silva respondia assim ao jornalista: "Sim, mas o importante seria que trouxessem novas flores! Não há mudança social sem o contributo das gerações mais novas."  

O Movimento 12 de Março, Precários Inflexíveis, FERVE e outros movimentos ligados ao protesto Geração à Rasca estiveram hoje presentes na manifestação que percorreu a Avenida da Liberdade em Lisboa. Entretanto, corre uma petição para levar à AR uma proposta de lei contra a precariedade, para saber: clicar aqui.

O feminismo está a passar por aqui


















A Rota dos Feminismos voltou a passar por Viseu, desta vez trazendo-nos as questões que envolvem o assédio sexual, num workshop (na livraria Pretexto) e debate (na ACERT) onde foram propostas formas de luta contra o assédio sexual, tanto no trabalho como no espaço público.

O assédio sexual afecta sobretudo a mulher e constitui uma forma de agressão. No local de trabalho, falseia a relação de trabalho e promove a discriminação laboral. Sendo um problema essencialmente feminino é um problema escondido onde a falta de informação por parte das vítimas resulta na impunidade, perante a justiça, dos agressores.

A UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta - propõem por isso informar as mulheres e sensibilizar a sociedade para o problema. 

Para além dos worshops e debates a UMAR e o grupo GATA - Grupo de Activismo e Transformação pela Arte - promovem acções de rua informativas e de  saudável provocação.

Próximas datas:

- Coimbra, 29 e 30 de Abril;
- Porto, 14 e 15 de Maio;
- Braga, 4 e 5 de Junho;
- entre outros locais a combinar.

20.4.11

atribulações nas obras do parque aquilino ribeiro


















Orçadas em 1,5 milhões de euros, as obras de requalificação do Parque Aquilino Ribeiro começaram em Outubro de 2009, mas têm-se arrastado no tempo, devido a vicissitudes várias, para desespero dos viseenses que há ano e meio se vêem impedidos de usufruir do espaço verde mais importante de Viseu, a seguir à mata do Fontelo, que, ainda por cima, alberga o único parque infantil do centro da cidade.
           
Mal começaram, as obras foram suspensas, alegadamente por motivos do mau tempo, mas,  em Fevereiro de 2010, a Câmara Municipal de Viseu (CMV) disse que estava a aguardar visto do Tribunal de Contas desde 10 de Dezembro de 2009. Acontece que o Tribunal de Contas recusou o visto devido a imprecisões e ilegalidades, tais como a exclusão de concorrentes no concurso público, com propostas de valores mais baixos. O TC acusou ainda a CMV de não ter respondido de forma cabal aos seus pedidos de esclarecimentos. Entretanto, houve um segundo concurso, mas as obras voltaram a parar. Desta vez, a causa foi atribuída a doença do projectista, o que levou a CMV a prorrogar o prazo da conclusão da obra a pedido do empreiteiro.
           
Estamos certos de que o Parque Aquilino Ribeiro irá ficar beneficiado com o projecto de reinterpretação  de Viana Barreto que o desenhou de raiz há 56 anos. Mas, apesar da CMV ter dito à comunicação social que a conclusão das obras estava prevista para o próximo mês de Junho, o aparente atraso dos trabalhos faz-nos duvidar de que os viseenses voltarão a usufruir do parque da sua cidade durante todo o Verão.

nuclear: energia limpa de segurança (2)



Com a catástrofe de Fukushima a revelar-se mais grave a cada dia que passa, será útil reflectir sobre a defesa que, desde alguns anos, investidores pouco escrupulosos têm feito da construção em Portugal de centrais nucleares, vendendo uma imagem da energia nuclear limpa, barata e segura, enquanto única alternativa à escassez do petróleo, face a uma alegada rentabilidade escassa e insipiência técnica no campo das energias renováveis. Ora, o Japão (e antes dele, Three Miles Island nos Estados Unidos, e Tchernobil, na antiga URSS) prova que o barato sai caro.
           
O normal funcionamento de centrais eléctricas nucleares também polui o mar, mas os maiores focos individuais de elementos radioactivos produzidos pelo homem no mar são de longe as fábricas de reprocessamento de combustível nuclear de La Hague, França e de Sellafield, Reino Unido. As suas descargas resultaram numa abundante contaminação dos recursos marinhos em toda uma vasta região; os elementos radioactivos provenientes do reprocessamento podem ser encontrados em algas marinhas de locais tão distantes como a costa ocidental da Gronelândia ou ao largo da costa da Noruega, alerta a Greenpeace.

Portugal tem muitas zonas sísmicas, o que tornaria ainda mais perigoso construir uma central nuclear no nosso território. Para risco já temos a central de Almaraz, na província de Cáceres, a 307 km da fronteira portuguesa, arrefecida com água do Tejo, com licença prolongada até 2020.

nuclear: energia limpa de segurança (1)
















Os ex-trabalhadores da ENU – Empresa Nacional de Urânio, vítimas da radioactividade nas Minas da Urgeiriça, Cunha Baixa, Poço do Bispo e outras, na manifestação de 19 de Março, convocada pela CGTP, em luta ainda pelos direitos a indemnizações às famílias dos mineiros falecidos por cancros de pulmão, devido à exposição às radiações, e o efectivo cumprimento dos rastreios de saúde aos ex-trabalhadores e suas famílias, direito conquistado pela sua longa e penosa luta. 

11.3.11

manif 12 de março em viseu




Olho Vivo vai estar no dia 12 de Março, Sábado, às 15h00 no Rossio em Viseu, na manifestação convocada pelo movimento Geração à Rasca (http://geracaoenrascada.wordpress.com/).

gerações à rasca em luta com alegria



















Marcelo Rebelo de Sousa tem razão, anda para aí um cheiro a PREC no ar. Um cheiro quente que parece trazido pelo vento Suão que vem do Norte de África. Lá, tudo parecia imutável e os ditadores sentiam-se seguros com o apoio das “democracias” ocidentais, em troca do petróleo e do policiamento do Mediterrâneo contra os migrantes africanos. Aqui, pelo nosso rectângulo, também tudo parecia controlado pelas elites corruptas repartidas pelos partidos do “arco do poder”. O “rotativismo” parecia “o fim da História”. Até que alguém gritou “O Rei vai nu!” e toda a gente viu que a nossa democracia não é mais do que um regime de partido único com duas cabeças. O grito que tanto incomodou os ouvidos sensíveis dos serventuários do regime foi a moção de censura do Bloco de Esquerda. O PSD apressou-se a garantir que estaria do lado do governo do PS. Um dos seus militantes mais destacados, Pacheco Pereira, defendeu que Passos Coelho nunca poderá derrubar Sócrates, dado que está a governar juntamente com ele.
Surgiu então, um grito ainda mais amplificado: o do movimento da Geração à Rasca que agendou manifestações no próximo Sábado, dia 12 de Março, em Lisboa, Porto e Viseu. A onda tem vindo a crescer de tal maneira nas redes sociais, que a extrema-direita tentou surfá-la, procurando lançar a confusão e direccionando o protesto contra toda a classe política e todos os partidos, o que obrigou os signatários do Manifesto da Geração à Rasca a fazer o seguinte esclarecimento:
“Reafirmamos a total independência do protesto face a qualquer estrutura ou movimento de cariz partidário, político ou ideológico. Este é um protesto: Apartidário, aberto a todos os partidos e a quem não tem preferência partidária; Laico, aberto a todas as religiões e a quem não tem religião; e Pacífico! Nunca foi enviada qualquer lista de reivindicações. O manifesto é o único documento associado ao protesto”. E é o Manifesto da Geração à Rasca que nos diz quem é que se sente identificado com este protesto: “Nós, desempregados, “quinhentoseuristas” e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal.
Nós, que até agora compactuámos com esta condição, estamos aqui, hoje, para dar o nosso contributo no sentido de desencadear uma mudança qualitativa do país”.

Se a canção dos Deolinda, “Parva que sou”, incomodou muita gente (até Mariano Gago a acusou de fazer a apologia do abandono escolar), a vitória da canção “A luta é alegria” de Gel e Falâncio, incomodou muito mais. Mas o povo que votou neste hino do descontentamento nacional não foi só a geração desemprecariada, foram os pais que viram cortados os salários, os abonos de família, as reformas sociais, o poder de compra e a qualidade de vida. Todos os que preferem a alegria e o inconformismo à contrafacção ignorante e descaracterizadora de uma Europa triste de canções sem alma, afinadas pelos mercados.
Na passada segunda-feira, José Sócrates veio a Viseu apresentar a sua moção aos militantes do PS, quando um grupo de jovens da “Geração à Rasca” entrou na sala e pediu para falar. Foram expulsos e agredidos, enquanto Sócrates dizia para as câmaras de TV que estavam convidados para jantar e “É Carnaval ninguém leva a mal”. Nós, todas as gerações à rasca de Portugal, levamos a mal este “baile de Carnaval” em que PS e PSD, mascarados de “governo” e “oposição”, dançam agarradinhos, calcando toda a gente, e vamos demonstrá-lo no dia 12.

Carlos Vieira

paz, pão, habitação, saúde, educação




Andam p'raí senhores cinzentões muito apoquentados com a vaga de protestos de uma geração à rasca que transformou a desilusão em protesto vigoroso contra as políticas (e os políticos) que comprometem o seu futuro. Contra a precariedade laboral e o desmantelamento do Estado Social, os jovens pedem que não lhes tirem as conquistas de Abril, assim expressas na canção "Liberdade" de Sérgio Godinho: "paz, pão, habitação, saúde, educação".

8.3.11

Centenário do Dia Internacional da Mulher




















Os números recentemente vindos a público sobre a violência conjugal no país indicam que em 2010 foram assassinadas 43 mulheres. Em Portugal morrem mais mulheres às mãos de maridos, namorados ou ex-companheiros, do que por cancro da mama, e uma em cada três mulheres é ou foi vítima de violência doméstica, segundo Maria José Magalhães, investigadora da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação do Porto.

Em Viseu, o Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica identificou e atendeu, em 2010,  259 vítimas deste crime público, sendo que 41% relatou sofrer diariamente actos de violência física ou psicológica.

São números que mostram que a violência contra as mulheres persiste apesar dos avanços ao nível do estudo do fenómeno e das suas consequências pessoais e sociais, bem como dos avanços a nível legislativo e no apoio às vítimas.

Não nos podemos conformar nem resignar com a situação actual. A violência de género tem de ser encarada como um problema político, um problema de direitos humanos e um problema de cidadania.

não tenhas pressa para não perderes tempo

















"Não tenhas pressa para não perderes tempo", escreveu José Saramago.
Acontece que vivemos todos com demasiada pressa e não temos tempo para brincar e falar com os filhos, ir ao teatro ou ao cinema, dar um passeio a pé com os nossos pais, que deixamos abandonados na aldeia ou encafuados num urbano caixote/apartamento, ou ainda, para maior sossego das consciências, presos num qualquer concentracionário lar de idosos. Na estrada, os portugueses também andam com demasiada pressa, e, por isso, batem o recorde de acidentes, ou seja, o recorde de tempo perdido. Por vezes, perdido para sempre.

Na semana passada, o vento forte que assolou a nossa região, derrubou árvores que tombaram sobre automóveis. Mas também houve automóveis que tombaram sobre árvores. A foto de hoje mostra o acidente que no dia 17 de Fevereiro vitimou uma árvore em frente à Casa da Ribeira, junto à Igreja da Nossa Senhora da Conceição. Um BMW ultrapassou a fila de carros que circulava pela estreita estrada que atravessa a Praça de S. Mateus, onde não é permitido circular a mais de 30 km/ hora, bate de raspão num automóvel que se encontrava a fazer sinal para virar para o Largo da Nª Srª da Conceição e vai bater na árvore do outro lado da estrada, perto do abrigo de autocarros. Por sorte não colheu nenhum peão. Só morreu uma árvore. E já não foi pouco.

4.2.11

o fecho da casa da boneca: mais um prego no caixão do centro histórico.



 




















No cruzamento da Praça D. Duarte com a Rua Grão Vasco, a Casa da Boneca era mais do que um estabelecimento comercial e ficou na memória de muitos viseenses que ali iam escolher os brinquedos para oferecer pelo Natal ou no dia de aniversário dos filhos, e sobretudo na memória das crianças que enchiam a loja para receber das mãos dos proprietários, João Nascimento e a esposa  Maria Odete, bonecas e peluches que ofereciam, no Dia da Criança, aos alunos das escolas do primeiro ciclo.

Fundada há mais de 130 anos como loja de tecidos, a Casa da Boneca, assim chamada por ter uma boneca na montra, só há 28 anos é que passou a ser gerida por João Nascimento e Maria Odete Nascimento. Também a Feira de S. Mateus ficou marcada pela barraca da Casa da Boneca, onde os brinquedos faziam a alegria da pequenada. O sucesso durou até a chegada a Viseu do primeiro hipermercado de Belmiro de Azevedo que abriu três meses antes do Natal, quando a Casa da Boneca já tinha feito as encomendas para aquele época. Foi o primeiro revés. Depois a Câmara de Fernando Ruas deixou que as grandes superfícies cercassem a cidade por todos os lados, ao mesmo tempo que permitia que os empreiteiros construíssem novas urbanizações de forma pouco sustentada, descurando a reabilitação do edificado e levando ao despovoamento do centro histórico, que ficou com um terço das habitações em ruínas ou degradadas. O despovoamento do centro da cidade leva ao aumento da insegurança nas ruas e à agonia do comércio tradicional.

Hoje, o comércio de Viseu, no centro histórico, como nas restantes ruas do centro da cidade,  vive a maior crise de que há memória. As falências sucedem-se a um ritmo vertiginoso. Nalgumas artérias,  como na Avenida Capital Silva Pereira ou na Rua Direita, são os imigrantes chineses e indianos que ainda vão evitando a proliferação de lojas “entaipadas”.
Não foi só a concorrência dos hipermercados e de lojas chinesas que levaram ao encerramento da Casa da Boneca: João Nascimento já conta 83 anos e Maria Odete também já passa dos setenta. Mas, se não fosse a crise do comércio tradicional ainda se entreteriam ali por mais uns tempos.

Qualquer dia,  o comércio do centro histórico de Viseu fica reduzido a bares e a funerárias, o que atesta bem a morte do centro histórico.  Até já as farmácias estão a fugir, atrás das pessoas. A Farmácia Pinto fechou no Largo Pintor Gata, para abrir no Palácio de Gelo, o que - pasme-se! -  mereceu a satisfação do presidente da Câmara pelo alívio que isso representaria para o trânsito no centro histórico. Dentro de dias será a vez da Farmácia Medicinal fechar as portas na Rua Direita, quando estiverem concluídas as obras da nova loja no Bairro de Marzovelos. 

Depois dos deputados do PSD, do PS e do CDS terem inviabilizado uma moção do Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal de Viseu, no sentido de impedir a abertura das grandes superfícies ao domingo à tarde e feriados, tendo Fernando Ruas dito, na altura, que a sua decisão dependeria da resolução da Câmara de Aveiro, resta agora, aos comerciantes de Viseu, esperar que a petição que milhares de comerciantes de Aveiro vão apresentar, através da sua associação distrital, na autarquia aveirense, possa levar esta a não licenciar o alargamento dos horários, única forma de o presidente da Câmara de Viseu decidir defender os pequenos comerciantes da sua cidade.

14.1.11

solidariedade com mais um sem abrigo em viseu
























Luciano Jacinto é um jovem de 34 anos que  trabalhava na hotelaria em Tavira, até ficar sem emprego.  Sem contrato, não teve direito a subsídio de desemprego. Saiu do Algarve e veio por aí acima à procura de trabalho. Não o encontrou em Beja, onde tinha família, nem em Leiria e, desde fins de Setembro, veio parar a Viseu. Desde então tem sobrevivido arrumando carros em frente ao Palácio de Gelo, come no restaurante social da Misericórdia de Viseu e tem dormido na rua, abrigado numa das entradas do Pavilhão Multiusos. Foi lá que o encontrámos há dias. Oferecemo-nos para o acompanhar ao Centro de Acolhimento Temporário da Caritas Paroquial de Santa Maria, mas disse que já lá tinha ido e responderam-lhe que tinham os (sete) quartos todos ocupados. Nada que nos surpreendesse uma vez que já em Novembro de 2008 batemos à porta daquele Centro co-financiado pela Segurança Social e pela U.E.,  para acolher um outro sem abrigo, e também na altura se limitaram a informar que tinham a lotação esgotada. Ligámos ao 144, número nacional de emergência social, do Instituto de Solidariedade e Segurança Social, que nos remeteu para a Segurança Social de Viseu. Mas Luciano recusou-se a lá voltar, porque das duas vezes que lá foi pedir apoio, responderam-lhe que não tinham verbas nem para alojamento, nem para o transporte de regresso a casa. Solidariedade só dos Bombeiros Voluntários que o deixavam tomar banho no quartel.
   
Recorremos então à Comunicação Social.  A Caritas Diocesana não gostou que  um jornal a confundisse com a Caritas Paroquial de Santa Maria e uma senhora ofereceu roupa do marido. Mas Luciano continuava a dormir ao relento. Telefonámos para a Unidade de Desenvolvimento Social da Segurança Social de Viseu. Não conseguimos falar com a Directora, nem com outra dirigente, só com uma estagiária que nos pediu o contacto telefónico e assegurou que a “doutora” fulana nos ligaria logo que regressasse. Passaram dois dias e o telemóvel não tocou, mas, entretanto,  conseguimos arranjar um quarto com uma renda barata que Luciano pode suportar já que até arranjou um part-time, aos fins-de-semana, como disc jockey numa danceteria. O problema eram os cem euros da primeira renda que tinham que ser pagos adiantadamente, mas aí Luciano contou com a solidariedade da Conferência de S. Vicente de Paulo, associação católica sócio-caritativa.
 Aproveitamos para avisar a Segurança Social  de Viseu que já não vale a pena incomodarem-se a telefonar. Ah, é verdade: Luciano diz que tem descontado para a Segurança Social desde os 16 anos.          

Contacto:

olhovivo.viseu@gmail.com