14.1.11
solidariedade com mais um sem abrigo em viseu
Luciano Jacinto é um jovem de 34 anos que trabalhava na hotelaria em Tavira, até ficar sem emprego. Sem contrato, não teve direito a subsídio de desemprego. Saiu do Algarve e veio por aí acima à procura de trabalho. Não o encontrou em Beja, onde tinha família, nem em Leiria e, desde fins de Setembro, veio parar a Viseu. Desde então tem sobrevivido arrumando carros em frente ao Palácio de Gelo, come no restaurante social da Misericórdia de Viseu e tem dormido na rua, abrigado numa das entradas do Pavilhão Multiusos. Foi lá que o encontrámos há dias. Oferecemo-nos para o acompanhar ao Centro de Acolhimento Temporário da Caritas Paroquial de Santa Maria, mas disse que já lá tinha ido e responderam-lhe que tinham os (sete) quartos todos ocupados. Nada que nos surpreendesse uma vez que já em Novembro de 2008 batemos à porta daquele Centro co-financiado pela Segurança Social e pela U.E., para acolher um outro sem abrigo, e também na altura se limitaram a informar que tinham a lotação esgotada. Ligámos ao 144, número nacional de emergência social, do Instituto de Solidariedade e Segurança Social, que nos remeteu para a Segurança Social de Viseu. Mas Luciano recusou-se a lá voltar, porque das duas vezes que lá foi pedir apoio, responderam-lhe que não tinham verbas nem para alojamento, nem para o transporte de regresso a casa. Solidariedade só dos Bombeiros Voluntários que o deixavam tomar banho no quartel.
Recorremos então à Comunicação Social. A Caritas Diocesana não gostou que um jornal a confundisse com a Caritas Paroquial de Santa Maria e uma senhora ofereceu roupa do marido. Mas Luciano continuava a dormir ao relento. Telefonámos para a Unidade de Desenvolvimento Social da Segurança Social de Viseu. Não conseguimos falar com a Directora, nem com outra dirigente, só com uma estagiária que nos pediu o contacto telefónico e assegurou que a “doutora” fulana nos ligaria logo que regressasse. Passaram dois dias e o telemóvel não tocou, mas, entretanto, conseguimos arranjar um quarto com uma renda barata que Luciano pode suportar já que até arranjou um part-time, aos fins-de-semana, como disc jockey numa danceteria. O problema eram os cem euros da primeira renda que tinham que ser pagos adiantadamente, mas aí Luciano contou com a solidariedade da Conferência de S. Vicente de Paulo, associação católica sócio-caritativa.
Aproveitamos para avisar a Segurança Social de Viseu que já não vale a pena incomodarem-se a telefonar. Ah, é verdade: Luciano diz que tem descontado para a Segurança Social desde os 16 anos.
Contacto:
- Olho Vivo
- olhovivo.viseu@gmail.com