2.12.08

ONDE PARAM OS CANDEEIROS DE MESTRE MALHO?



Carlos Vieira ©

Há já largos meses que foram retirados os candeeiros de ferro forjado da autoria de Mestre Arnaldo Malho que se encontravam na cantaria da Sé Catedral, mais propriamente, na ala contigua à varanda de dupla colunata toscana, ou “passeio dos cónegos”. Outros exemplares iguais já tinham sido retirados, nomeadamente na fachada do Museu Grão Vasco, aquando da remodelação projectada pelo arquitecto Souto de Moura, mas onde se nota mais a ausência é precisamente na esquina do Adro da Sé com a Praça D. Duarte, por cima das escadinhas.

Note-se que aquele candeeiro, verdadeira obra prima do “poeta do ferro”, como lhe chamou Aquilino Ribeiro, era um dos motivos favoritos de turistas e fotógrafos que recortavam as linhas escuras do ferro contra o azul do céu.. A sua beleza mereceu-lhes irem decorar a alva e majestosa fachada da Igreja da Misericórdia de Viseu.

Logo que nos apercebemos que este candeeiro tinha sido retirado, quisemos acreditar que teria sido mesmo sido para recuperar. No entanto, quer-nos parecer que já passou tempo suficiente para o efeito. Por outro lado, há sete anos, quando denunciámos a substituição dos candeeiros da Praça D. Duarte, da Rua Direita e de outras ruas do centro histórico, igualmente de ferro forjado, (embora não creiamos que sejam da autoria do mestre Malho, não obstante termos visto os respectivos moldes na Serralharia Malho, o presidente da Câmara Municipal de Viseu), Fernando Ruas desculpou-se, perante as câmaras da televisão, afirmando que os candeeiros tinham sido retirados para recuperar, após o que seriam recolocados noutras ruas não intervencionadas pelo Procom (programa de Apoio ao Comércio), tendo atribuído a decisão de os substituir ao arquitecto responsável por este projecto, como se a responsabilidade não fosse do dono da obra, ou seja, da CMV. Efectivamente, mais tarde, alguns destes candeeiros foram recolocados na Rua Silva Gaio, na Rua das Ameias e na Calçada da Vigia, mas a verdade é que nas ruas principais do centro histórico, na Rua Direita, na Praça D. Duarte, na Rua Nova, na Rua D. Duarte, nunca mais foram vistos.

Não obstante também termos chamado a atenção da autarquia para o crime de lesa património que constituiria a substituição dos candeeiros de ferro fundido, estilo Arte Nova, na Rua do Comércio, por serem do mesmo estilo dos prédios mais bonitos daquela artéria, do início do século XX, a CMV deixou-os encavalitados pelos mesmos que tinha colocado nas ruas medievais, durante sete anos, tendo há cerca de meio ano decidido retirar ambos, substituindo-os por um terceiro modelo.

É por estas e por outras que somos levados a desconfiar das intenções da autarquia e a apelar à vigilância dos viseenses.

(No Jornal VIA RÁPIDA de 28/11/08)

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