21.8.09

AS TRAPALHADAS DO FUNICULAR: OBRA DE ENGENHEIROS OU DE FUNILEIROS?...




No último Golpe de Vista chamámos a atenção para os inúmeros acidentes, alguns com certa gravidade, que ocorreram com transeuntes da Rua Ponte de Pau que enfiaram o pé nos intervalos dos carris do funicular ou na calha do respectivo cabo. Recordamos que um homem teve de esperar meia hora para que os bombeiros lhe conseguissem tirar o pé, com o auxilio de material de desencarceramento e que o filho do proprietário da Pastelaria Serra da Nave ficou duas semanas de baixa por também lá ter caído.
Depois disso assistimos a uma catadupa de disparates, na tentativa desesperada de inaugurar o funicular na última data (a primeira foi Março de 2009) que Ruas tinha anunciado, ou seja, no dia de abertura da Feira de São Mateus pelo Presidente da República. Pintaram-se passadeiras no piso de granito da Feira, e nessa estreita faixa, e só nessa, soldaram mais umas barras estreitas de maneira a dificultar que alguém, sobretudo uma criança, lá pudesse meter o pé. Nos pilaretes foram afixadas placas de plástico a avisar: “Proibido circular pela via” e “Ao atravessar, prioridade ao funicular”.Algumas já estão partidas.
Demoraram a lá chegar, mas finalmente, mesmo na véspera da abertura da feira, alguém deve ter ligado os fusíveis e fez-se luz nalguma “cabecinha pensadora”: então durante a feira, com milhares de pessoas de um lado para o outro, alguém vai reparar nos avisos e nas listas das passadeiras? Ou então foi Fernando Ruas que receou que o próprio Presidente da República enfiasse o pé nos intervalos entre os carris. A verdade é que acabaram por chegar à única solução segura: tapar os carris e aguentar os comboios!
É então que surge outra trapalhada: os carris são tapados com chapas metálicas, soldadas umas às outras, mas o engenheiro da obra deve ter-se esquecido de uma lei elementar da física – o calor dilata os corpos – e não cuidou de deixar juntas de dilatação. Um funileiro teria feito melhor. O resultado pode ver-se na foto: com o calor a dilatar as chapas, estas, sobretudo nas horas de mais calor, ao princípio da tarde, acabam por arquear representando mais uma armadilha para os peões. Parece uma pista de skates.
Nas primeiras noites os vizinhos não puderam dormir com o barulho dos carros a passar por cima das chapas. A colocação de uma tela isolante por debaixo das chapas atenuou o barulho. A Câmara Municipal já começou a substituir as chapas por umas mais estreitas, apenas tapando os carris e deixando uma folga para a dilatação. Mas adivinham-se mais problemas de segurança quando o funicular começar a circular. “Só não há solução para a morte” – dizem os mais optimistas, mas a verdade é que há erros técnicos e más opções urbanísticas que se pagam caro.

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