21.8.09

A RIBEIRA A RUIR AOS BOCADOS




Há cerca de quinze dias, o telhado das águas furtadas da casa da Rua do Arrabalde que faz esquina com o Largo Major Monteiro Leite abateu. Já em 18.05.2006 chamámos aqui a atenção para o perigo iminente. Eis o que escrevemos na altura:
“(...) Em Viseu não é só na zona histórica que há casas em risco de ruína. Na zona da Ribeira, a inquilina do nº 121-1º,da Rua do Arrabalde (ver foto), uma senhora viúva que sobrevive das poucas horas de trabalho doméstico, já remeteu ao presidente da Câmara Municipal de Viseu uma carta (registada com aviso de recepção), datada de 20 de Janeiro de 2003, dando conta da sua situação. Vive num andar de tal maneira degradado que já se viu obrigada a neutralizar a cozinha, em risco de abater o tecto. Dos outros três compartimentos, a sala tem uma parede sustentada por um móvel. Tem de abrir a janela do quarto que está a fazer de cozinha, mesmo de Inverno, para sair o fumo e vapores do fogão. O quarto de dormir tem infiltrações de água das chuvas que escorre pelas paredes”.
“No WC apenas cabem a sanita e o lavatório e a humidade escorre peas paredes em mau estado.”
“A privacidade não existe uma vez que andar é atravessado por uma escadaria para o 2º andar.”
“ O senhorio já foi informado dos riscos de ruína pelos bombeiros quando, há relativamente pouco tempo, abateu uma parte do sótão.”
“ Mas, passados três anos e meio, a Câmara Municipal de Viseu, na posse destas informações, não se dignou sequer responder à carta desta munícipe a solicitar uma habitação social.”
“Para que é que a CMV se gaba de ter muito dinheiro se não o gasta para satisfazer os direitos mais elementares dos cidadãos, como é o direito à habitação, cuja responsabilidade é conferida ao Estado e às autarquias pela Constituição da República?”

Passados três anos a casa ruiu!. Por sorte não ficou ninguém debaixo dos escombros.
Em poucos anos são já três as casas que ruem no Largo Major Monteiro Leite. Em duas delas, o telhado abateu e só não ficou lá ninguém debaixo por sorte, já que ambas as casas eram habitadas. A terceira estava devoluta, vítima há já muitos anos de um incêndio. Ruiu, tombando a parede de taipa para a rua. Por sorte ninguém ia a passar no passeio naquele momento. Minutos antes o filho de uma senhora que mora em frente tinha ali estacionado o carro, mesmo no local onde a parede caiu.
A dona Fátima continua à espera de uma resposta. Há seis anos que espera por uma habitação social. Ela e uma idosa, sua vizinha. Talvez a Câmara Municipal de Viseu lhes arranje uma casa, depois de aquela cair completamente. De qualquer modo, quando começar a chover a situação ficará ainda mais insustentável.
Dona Fátima ouviu dizer que Viseu é a cidade portuguesa com maior qualidade de vida...

Contacto:

olhovivo.viseu@gmail.com