19.11.10
terrorismo de estado no país basco
“Uma coisa são os negócios outra os direitos humanos”, respondeu, sem pudor, Filipe González, quando era primeiro ministro de Espanha, a um jornalista que o questionou por vender armas à ditadura indonésia que massacrava o povo de Timor Leste. Cavaco, a seu lado, não ripostou.
O mesmo ex-líder do PSOE deu no passado Domingo, uma entrevista ao “El País”, onde, com a mesma desfaçatez, confessou que só não deu ordem para “fazer ir pelos ares” toda a direcção da ETA, reunida em França, por recear as implicações para as relações franco-espanholas (na época a França não cooperava como hoje contra a ETA, por recear que a luta armada independentista alastrasse para o país basco francês), mas que ainda tem dúvidas se teria decidido bem. Hoje, Gonzalez está a ser responsabilizado, da direita à esquerda, por ter “confessado” ser o responsável máximo da “guerra suja” do governo espanhol contra os independentistas bascos, através dos GAL (Grupos Antiterroristas de Libertação) que de 1983 a 1987 assassinaram 27 pessoas, incluindo um médico pediatra, dirigente da coligação eleitoral Herri Batasuna, 5 inocentes abatidos por engano e torturaram, sequestraram e feriram muitos outros, incluindo duas meninas que se encontravam num bar em Bayona, metralhado por mercenários.
Recentemente, mais de 600 personalidades internacionais ligadas à política, à cultura e a outras actividades sociais, como o argentino Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, e os escritores Andrés Sorel e Alfonso Sastre ( Prémio Nacional de Literatura de Espanha), subscreveram um manifesto pedindo ao governo espanhol a libertação do preso político basco Arnaldo Otegi, defensor da paz em Euskadi, que ainda no mês passado, em entrevista ao El País, afirmou que “a estratégia independentista é incompatível coma violência armada”.
Em Setembro, 5 organizações políticas bascas e 25 agentes sindicais e sociais assinaram um acordo histórico, em Gernika, para um cenário de paz e soluções democráticas para o conflito entre o País Basco e o Estado espanhol. Falta uma resposta positiva de Madrid, para variar.
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