5.3.09

CRIANÇAS E ADULTOS TÊM CAÍDO NA CAVA DE VIRIATO



O Núcleo de Viseu da Associação OLHO VIVO enviou, em Março do ano passado, uma carta à Direcção Regional de Cultura do Centro dando conta das nossas apreensões face às obras de “Recuperação e Arranjo Paisagístico de parte do Monumento da Cava de Viriato” (ver Golpe de Vista do Jornal Via Rápida de 27.03.2008).
Na resposta, o Director Regional informou-nos, laconicamente, que “os trabalhos em execução constam do projecto apresentado e encontram-se superiormente autorizados e estão incluídos em projecto que foi objecto de apreciação nas áreas de arqueologia e arquitectura paisagista”.
Claro que uma obra da ViseuPolis não podia ser clandestina. Apenas pedimos esclarecimentos para o que nos pareceu serem aspectos intrusivos de uma intervenção que poderá desvirtuar um monumento único na Península, ( colocação de lajes de granito, muito bem aparelhadas, assentes em blocos de cimento, numa fortificação de terra, à semelhança das cidades-acampamentos muçulmanas de que há vestígios no Norte de África e, em melhor grau de conservação, em Samarrã, no actual Iraque) e chamámos a atenção para a contradição aparente entre esta modernização arquitectónico-paisagista” e a evidente preocupação em apagar os vestígios do passeio público construído no século XIX (com acesso pela escadaria atrás do monumento a Viriato), deitando toneladas de terra para cobrir as escadas e caminhos talhados nos taludes para acesso ao alto da muralha, certamente para repor o seu aspecto original.
Na nossa carta chamámos também a atenção da tutela para o perigo que representa os intervalos de 15 cm entre as lajes de granito. Ninguém ligou aos nossos alertas. No entanto, a OLHO VIVO tem conhecimento de vários casos de pessoas (crianças e adultos) que já caíram na Cava de Viriato. Também nos informaram que a TVI já passou uma reportagem dando conta de um desses casos.
Segundo um jornal local, a Câmara Municipal de Viseu teria afirmado que aqueles intervalos entre os blocos de granito se destinavam a impedir a circulação de bicicletas. Justificação ridícula já que todos os dias se vêem lá pessoas a andar de bicicleta. Quem não tem hipótese de circular com aqueles intervalos entre as lajes são os portadores de deficiência, quer se desloquem de muletas ou de cadeira de rodas, e os carrinhos de bebé.
Tão pouco se pode aceitar a desculpa de que as obras ainda não acabaram, porque se do lado da Avenida da Bélgica ainda não foram retirados os tapumes, a verdade é que quem entra pela Rua do Picadeiro ou pelo novo passadiço aéreo não encontra qualquer obstáculo ou indicio de obras.
Os moradores da Rua do Picadeiro também se queixam das luzes colocadas em pilares de granito ao longo da estrada interior da Cava que encandeiam quem circula a pé ou de carro e dificultam as manobras automóveis nalgumas curvas, como a da saída para a Rua do Coval, correndo o risco de enfiar os pneus na valeta, de onde dificilmente tirarão os veículos dada a profundidade exagerada a que abriram a vala. Um dos novos postes de iluminação da Rua do Picadeiro foi colocado exactamente na parte mais apertada da rua; recentemente, uma técnica de Saúde do INEM que ali fora chamada para uma emergência, teve de sair da ambulância para orientar a manobra.

(no Jornal Via Rápida de 15/01/09)

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