6.3.09
PALESTINA ENTRE BOMBAS E POESIA
Tal como aqui tinha anunciado realizou-se no passado dia 1, no Solar dos Peixotos, um debate sobre a Palestina, organizado pelo Bloco de Esquerda, com a presença de Alan Stoleroff, judeu “luso-americano”, como se definiu, professor do ISCTE, membro do Comité de Solidariedade com a Palestina e ainda Shahd Wadi, palestiniana, a residir também no nosso país.
Stoleroff, entre poemas da sua autoria, desmontou as mentiras, mitos e meias-verdades com que os israelitas tentam justificar o ataque bárbaro a Gaza. A começar pelo facto de ter sido Israel a romper a trégua com o Hamas que cumpriu os seus compromissos em 99%. Israel não pôs fim ao criminosos bloqueio a Gaza, como acordado, e só abriu 10% das linhas de abastecimento (todos os dias camiões da ONU entravam com água, comida e fuel para as centrais eléctricas de Gaza). Considerou a ocupação ilegal e absolutamente imoral. “Tendo Israel legitimidade para existir, ou não, não tem o direito de oprimir outro povo”. (Convenção de Genebra). Já são 4 milhões os descendentes dos 700 mil palestinianos expulsos ou fugidos das suas casas (o mito da “terra sem povo”). O genocídio será facto consumado com a iminente expulsão e transferência dos palestinianos de Gaza e Cisjordânia, e dos árabes israelitas (20% dos cidadãos de Israel já sujeitos a “appartheid”), aliadas à expansão de colonatos, defendidas pela ala fascista do Likud (direita) e pela extrema-direita de Lieberman (o seu partido é agora o terceiro maior) que com os ultra-religiosos do Shas poderá determinar o futuro governo. “A ocupação está a destruir a alma dos judeus do mundo inteiro.”
A bela Shahd, que veio para Portugal por amor, como Alan, leu poemas de Mahmud Darwich e contou a história da sua família, expulsa da Palestina, em 1948; como seu pai nasceu numa tenda de refugiados e não pôde regressar à sua terra, e ela só conseguiu chegar a 1 km da cidade de seus avós.
Enquanto a comunidade internacional (EUA e União Europeia) nada faz para obrigar Israel a cumprir as resoluções da ONU e fecha os olhos aos crimes de guerra e violações da Convenção de Genebra, denunciados pela Amnistia Internacional e pela Human Rights Watch, resta-nos a esperança de que talvez um dia a Poesia possa vencer a força bruta das bombas.
(no Jornal Via Rápida de 12/02/09)
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