7.3.09

ESCOLA SECUNDÁRIA DE EMÍDIO NAVARRO: PROJECTO DE MODERNIZAÇÃO OU DE AMPUTAÇÃO?




Está em curso o Programa de Modernização das Escolas do Ensino Secundário, aprovado pelo Conselho de Ministros em 3.01.2007, cujo planeamento, gestão, desenvolvimento e execução está a cargo da Parque Escolar, EPE, criada pelo D.L. 41/2007 de 14 de Fevereiro. Este programa intervirá num total de 330 escolas, até ao ano de 2015, com um investimento de 940 milhões de euros, assegurado pelo Financiamento Comunitário (354 milhões de euros), pelo PIDDAC, pela banca e por outras comparticipações do Estado.
Os objectivos deste programa passam pela reorganização e qualificação do espaço escolar: bibliotecas/centros de recursos; laboratórios para ciências, informática, desenho e artes; oficinas para cursos profissionais; espaços polivalentes para actividades culturais, sociais e de lazer; espaços de trabalho e de pausa destinados aos docentes; serviços de apoio (bar, livraria, papelaria e reprografia) e ainda a “criação de condições de abertura de sectores específicos da escola para utilização pela comunidade exterior, com particular ênfase nos espaços desportivos e polivalentes.
O programa propõe-se criar condições para garantir, a curto/médio prazo, a auto-suficiência energética, através de energias renováveis e a realização de contratos de manutenção e conservação para cada escola por períodos de 10 anos.
A bondade dos objectivos atrás enunciados não sossegou alguns professores da Escola Secundária de Emídio Navarro que, face à proposta de projecto tornada pública pela Parque Escolar, apresentaram algumas críticas e sugestões. Assim, parece que os arquitectos responsáveis pelo projecto não tiveram em conta a amplitude térmica que caracteriza o clima da nossa cidade ao optarem por grandes superfícies envidraçadas e por telhados em placa, em vez das tradicionais telhas, o que pode provocar gastos suplementares com a climatização. Os professores de Física e Química também fizeram notar a insuficiência e a exiguidade dos laboratórios. Mas são os professores da Área Disciplinar de Educação Física que se mostram mais apreensivos face à ausência de resposta às suas sugestões, quando o início da intervenção na Escola Secundária de Emídio Navarro está prevista para o próximo mês de Março.
Dizem os professores de Educação Física que, a não ser alterado, como receiam, o projecto levará à perda de um dos dois espaços interiores para aulas de ginástica. Dos dois campos de basquetebol exteriores perderá um e dos dois campos de Voleibol exteriores também perderá um. O Polidesportivo descoberto, apenas preparado para Andebol, Futsal e Ténis, será rebaixado, afundando-o para o nível do piso térreo das actuais oficinas e construindo-lhe apenas uma cobertura. Deste facto prevê-se que das diferenças de temperatura advenha a formação de condensação em grande escala e amplitudes térmicas muito grandes, com temperaturas muito baixas em dias de frio e temperaturas muito altas em dias de muito calor, uma vez que não está previsto qualquer tipo de climatização.
Além do mais, com este projecto, a ESEN continuará a ser a única escola sem pavilhão das dez escolas secundárias e EB da cidade: A ES Alves Martins, a ES de Viriato, a EB Infante D. Henrique, o Colégio da Via Sacra e o Colégio da Imaculada Conceição possuem um pavilhão de 40m x 20m; as escolas EB do Viso, EB de Mundão, EB Azeredo Perdigão, e EB Grão Vasco têm pavilhão e uma sala de Ginástica.
Será que a Escola Emídio Navarro está condenada a ser o parente pobre (ou miserável) das escolas públicas e privadas da cidade de Viseu? Durante o Cavaquismo, apesar dos milhões da Comunidade Europeia (canalizados para auto-estradas) construíram-se escolas sem pavilhão (Viriato, Mundão e Viso). Vamos repetir os mesmos erros?
. Fundada em 1898, a antiga Escola de Desenho Industrial de Viseu, mais tarde Escola Industrial e Comercial de Viseu, integra um dos edifícios mais interessantes de Viseu, a Casa do Arco, do século XVIII, junto à Porta dos Cavaleiros. A Escola Secundária de Emídio Navarro faz parte do património histórico da cidade. Por isso, este projecto de “modernização” não só diz respeito à comunidade escolar, como também a todos os viseenses. Temos o dever de estar atentos e solidários com os professores da Escola Secundária de Emídio Navarro.

(no Jornal Via Rápida de 26/02/2009)

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